terça-feira, 15 de março de 2011

Saudade, falta e... tempo


Sinto saudade. Saudade é um sentimento que dói, incomoda, machuca. Como diria Rubem Alves, num texto que recém terminei de ler, ”saudade é o corpo brigando com o Chronos.” Nesse mesmo texto, ele cita que os gregos dividiam o tempo em duas formas: em Kairós - que é o tempo do coração, que é medido através das nossas próprias emoções - e em Chronos - que é o tempo ”de verdade”, que é marcado pelo ponteiro do relógio. E há muito o que se pensar sobre isso. Se fosse pra analisar a frase dita por ele, eu poderia simplesmente concluir que a saudade é uma luta que travamos contra o tempo, o sinal que o corpo manda pra mostrar que ele se passou. Não deixa de ser um sinal de velhice, pois mostra que muito se passou, novas amizades foram feitas e alguns amores foram desfeitos, e esse tempo maldito marcado pelas batidas do relógio deixou algumas muitas marcas. Pensando por esse lado, saudade não é só a saudade, aquele sentimento que machuca o coração e fere a alma. Saudade, na verdade, é um sentimento muito mais complexo do que se parece. É isso mesmo, uma chama que arde e deixa marcas no coração, mas, além disso, é um interessante modo de se notar que os anos se passaram, que muito se aprendeu, que muito se sofreu. É um sinal de velhice, de cansaço, de falta… É um sinal do tempo.

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